sexta-feira, 12 de agosto de 2011


Tento em vão controlar o que sinto, mas não consigo escapar ileso à dura mão do destino. E uma vez mais, encontro-me olhos nos olhos, com o carcereiro da minha alma...O silêncio.

Na prisão do meu sofrer, vai agora renascer uma nova força, uma vontade de libertar a angústia, que amargamente carrego. Mas o medo consome o meu espírito, e no calor do momento esmago a fúria no peito, fecho-a no vazio, entre as frias paredes do meu quarto. Sofro calado para não dar a entender o meu lamento. E cada lágrima caída, leva no ventre um pequeno pedaço de mim, um fragmento vivido e cansado, de um grandioso e já gasto retrato...O meu passado.

Prometo reformular o meu hoje, para ser o trampolim para um amanhã mais risonho, e não para ser uma fraca cópia do que foi o meu ontem. Quero finalmente expulsar a dor, e dar voz à minha alma, esforçar-me por mudar, para poder por fim respirar fundo. E quem sabe, por breves momentos sentir-me em paz, comigo e com o mundo.

(Rui Porta Nova).

Tempo


Liberto o tempo, o tempo de sentir o breve e prazeroso calor da paixão, o tempo que outrora foi meu…Nosso… Tempo que reneguei, que fechei numa redoma bem no fundo de mim, para não mais o libertar. Tempo que mesmo renegado, luta vigorosamente, para escapar à inerente e imparcial solidão. E num momento de loucura, revejo a envolvente e aromática luz da paixão, que paira sobre mim, e me envolve com o seu doce aroma. Só a sua grandeza consegue dissipar a fria neblina que me rodeia. E como uma miragem, sinto o tempo abraçar-me, e ouço uma voz segredar-me baixinho: Volta… Chegou o tempo… O tempo de seres novamente feliz!  



Rui Porta Nova.